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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

CODHAB convocará 5 mil inscritos da classe média

Governo local prepara edital para convocar 5 mil inscritos na lista da Codhab com renda mensal entre 4 e 12 salários mínimos. Eles poderão ter acesso a apartamentos que serão construídos no Gama e em Sobradinho

A chance de nunca mais pagar aluguel chegou para quem ganha entre R$ 1.860 e R$ 5.580 por mês e faz parte do cadastro da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab). O órgão se prepara para lançar nos próximos dias edital convocando 5 mil inscritos a participar do Habitar Bem. O projeto é um dos programas habitacionais do governo local, desenvolvido em parceria com empresas privadas e a Caixa Econômica Federal, e está voltado para atender pessoas com renda mensal de 4 a 12 salários mínimos, que ainda não têm a própria moradia. Os candidatos não receberão lotes, mas terão a oportunidade de pagar prestações com valores abaixo dos de mercado para adquirir apartamentos de dois ou três quartos em Sobradinho e no Gama. As unidades habitacionais devem ser construídas até o ano que vem.

A nova fase do programa habitacional do GDF irá contemplar a classe média cadastrada na Codhab — equivalente a 30% do total de inscritos — com apartamentos de alto padrão, afirma o secretário de Habitação, Paulo Roriz. “São unidades de alto nível. Os prédios terão guarita de segurança e um acabamento mais elaborado”, conta. Serão 2,5 mil unidades no Gama e 1,8 mil em Sobradinho, com áreas de construção que variam de 70 a 90 metros quadrados cada. O valor de venda do imóvel será 25% abaixo do praticado no mercado (veja quadro).

Paulo Roriz explica que, no primeiro momento, o governo se concentrou em distribuir lotes para pessoas que moravam em áreas de risco, como as invasões da Fercal, do Varjão e de Samambaia. Depois, a população atendida foi aquela com renda mensal de até 3 salários mínimos. Nesta semana, por exemplo, foi concedida a licença de instalação para o início das obras de infraestrutura da 4ª etapa do Riacho Fundo II. E, na próxima fase, o governo pretende contemplar os servidores públicos. “O programa não é só para eles, mas os funcionários públicos representam a maioria dos inscritos com renda de até 12 salários mínimos”, destaca o presidente da Codhab, José Luiz Naves.

Os candidatos convocados terão que apresentar documentos pessoais e que reforcem as informações dadas no ato do cadastro. Comprovantes de renda e de permanência no DF de, pelo menos, cinco anos, são essenciais. Há ainda outros critérios que são levados em conta. Quantidade de filhos na família é um deles. Essa convocação deverá seguir o atual modelo adotado pela companhia. Ou seja, os beneficiados serão chamados de acordo com a primeira letra do nome.

Financiamento
Se o inscrito conseguir preencher os critérios da Codhab, ele fará parte da lista(1) que será encaminhada à Caixa. O banco será responsável pelo financiamento dos imóveis do Habitar Bem. Segundo Paulo Roriz, se as pessoas forem aprovadas pela CEF (passar pela avaliação de crédito e de pagamento), deverão pagar prestações que representarão de 10% a 15% do total da renda mensal. O preço estimado para o imóvel é abaixo de R$ 150 mil. Segundo o GDF, o financiamento será de até 240 meses (20 anos) e o futuro morador não precisa dar entrada. O governo local, então, seleciona as empresas que irão construir os apartamentos e oferece os terrenos. Os recursos para a construção dos empreendimentos serão da Caixa.

Na opinião do presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-DF), Adalberto Valadão, ganhar um desconto de 20% ou 25% na compra de qualquer imóvel é vantajoso. “Como cidadão, aplaudo essa iniciativa do governo em facilitar o acesso à moradia das pessoas. Mas, como representante do setor empresarial, o preço baixo dos imóveis é até ruim porque pode prejudicar empresários que estejam construindo nessas áreas. É uma concorrência desleal”, analisa ele.

O diretor imobiliário da Codhab, João Carlos Medeiros, destaca que o programa tem como objetivo forçar a diminuição do preço de mercado dos imóveis populares no DF. “O metro quadrado no DF está um absurdo. O governo pretende forçar que esse preço caia, no sentido de estimular e facilitar a vida dos cidadãos que não conseguem comprar no mercado. Estamos oferecendo alternativas para as classes C e D, dando acesso à moradia de forma mais digna e com mais conforto”, avalia.

Eliminados
Dos 5 mil inscritos convocados no último 5 de agosto, apenas metade conseguiu entregar todos os documentos exigidos pela Codhab. O percentual de eliminados gira em torno de 40%, afirma o secretário de Habitação, Paulo Roriz. Por isso, ele diz que o governo irá fazer convocações mais frequentes.

Cadastrados na espera
Mesmo com a oferta de apartamentos com valores abaixo do mercado, o policial militar Ivanildo Alves, 33 anos, tem dúvidas se irá ou não participar do Habitar Bem, caso seja convocado. Ele está inscrito no cadastro há 13 anos, e devido sua pontuação, é um forte candidato para constar no edital que será lançado pela Codhab. No entanto, ele não está disposto a pagar prestações altas para adquirir um imóvel de baixa qualidade. “O governo diz que é de alto nível, mas fui ver os prédios que estão em construção no Setor Mangueiral (São Sebastião) e achei de baixa qualidade. Não tenho interesse de comprar qualquer coisa”, afirma o morador de Taguatinga, que tem renda de até 12 salários mínimos.

Para o bombeiro Jaime Peles, 40 anos, que também faz parte do cadastro da Codahb, o mais importante é ter a chance de parar de pagar aluguel. Ele se mudou de Ceilândia, há poucos meses, para a Vila Telebrasília, com a mulher e o filho Gabriel, de 7 anos, como forma de economizar as despesas de casa. Só com o transporte escolar do menino, que estuda no colégio do Corpo de Bombeiros, no Setor Policial Sul, Peles gastava R$ 200. “Fiz um sacrifício enquanto não tenho moradia. Não estava conseguindo pagar o aluguel e o transporte escolar”, conta. Agora, ele continua desembolsando R$ 450 de aluguel na quitinete onde vive, mas pelo menos leva o garoto no colégio. “Se pudesse escolher, gostaria de receber o lote do governo. Mas se pudermos comprar um apartamento com preço acessível, acho que não vou negar essa oportunidade”, diz.

Fonte: Correio Braziliense

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