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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Licitação da Terracap de todos os lotes da QE 52 do Guará II está sub-judice

Cooperativas habitacionais querem anular a licitação dos terrenos da QE 52 do Guará II, realizada ontem pela Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap). O governo vendeu todos os 56 lotes incluídos no edital de concorrência pública, mesmo com uma decisão judicial determinando a suspensão do negócio. A Terracap alegou que só foi notificada após o início da licitação. As cooperativas alegam que as novas quadras da cidade são de interesse social e exigem que o GDF destine 40% dos imóveis às associações habitacionais. Além desses terrenos, a Terracap vendeu todos os lotes comerciais do Setor Noroeste ofertados no edital. No total, a empresa arrecadou R$ 201 milhões com a licitação de ontem — o maior valor do ano. A Companhia Imobiliária de Brasília já recorreu da decisão que previa a suspensão da licitação e levou à Justiça a informação de que a empresa entregou 406 terrenos da expansão do Guará para programas habitacionais do governo local.

Na última quarta-feira, a Organização das Associações e Entidades Habitacionais do Distrito Federal entrou com um mandado de segurança no Tribunal de Justiça do DF, pedindo a suspensão da venda de imóveis na QE 52 do Guará II. A entidade, que representa dezenas de cooperativas, alega que as novas quadras do bairro — as QE 48, 50, 52, 54, 56 e 58 — seriam classificadas como de interesse social e, por isso, não poderiam ser licitadas pela Terracap.

No mandado de segurança, a entidade afirma que o Plano Diretor Local (PDL) do Guará destina essas áreas a programas de moradia social do governo, argumento que foi aceito pela Justiça. “A Lei nº 3.877, de 2006, que trata da Política Habitacional do GDF, determina que a Terracap deverá disponibilizar todas as áreas destinadas a habitações de interesse social ao Distrito Federal, o que só realça a irregularidade da licitação”, alegou o juiz Rômulo de Araújo Mendes, da 5ª Vara de Fazenda Pública. “Dessa forma, existe fundamento para a suspensão da licitação, já que ela permitirá a venda de áreas da QE 52 do Guará, retirando da população mais carente a oportunidade de conseguir uma moradia regular”, acrescentou o magistrado.

De acordo com a Lei nº 3.877/06, 40% de todas as áreas de interesse social devem ser destinadas a cooperativas habitacionais, 40% são para beneficiar os cadastrados na lista única da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do DF (Codhab) e os 20% restantes são destinados aos demais programas do GDF, como os que beneficiam pessoas portadoras de necessidades especiais. Com base nessa lei e no PDL do Guará, as cooperativas querem que as novas quadras sejam entregues a pessoas de baixa renda, em vez de serem vendidas em licitação.

Medidas jurídicas
No edital, o preço mínimo do lote de 144m² na QE 52 era R$ 125 mil. Mas os preços de venda ficaram bem acima disso: o menor lance vencedor foi de R$ 156 mil e o terreno mais caro saiu por R$ 250 mil. Todos os 56 imóveis colocados à venda foram arrematados e, agora, a Terracap estuda medidas jurídicas para conseguir concluir a venda. Mas a empresa garante que vai paralisar os negócios, ou seja, não vai assinar os contratos com os compradores enquanto o problema não for resolvido na Justiça.

O presidente da União das Associações Comunitária, Antônio Morais, afirma que as entidades estão dispostas até a pagar pelos terrenos, mas exigem o direito de ter acesso à parte da área. “Existe uma legislação que prevê 40% dos lotes para as cooperativas e as novas quadras do Guará são áreas para habitação social. Entramos na Justiça para garantir esse benefício”, explica Antônio Morais.

O diretor de Desenvolvimento e Comercialização da Terracap, Antônio Guimarães, diz que a Procuradoria Jurídica da empresa já recorreu contra a suspensão da concorrência pública e espera reverter a paralisação nos próximos dias. “O juiz não foi informado do fato de que a Terracap entregou 406 lotes da expansão do Guará para os programas habitacionais para a Codhab e para cumprir a política das áreas de interesse social. Estamos confiantes de que vamos conseguir reverter essa decisão com rapidez”, afirma Antônio.

Fonte: Correio Braziliense



Terracap desiste da Cidade do Servidor e venderá lote da QE 52, no Guará II
Diante dos questionamentos do Ministério Público e do Tribunal de Contas do Distrito Federal, o governo desistiu de criar a Cidade do Servidor, no Guará II, e abriu a licitação para todos os interessados em comprar terrenos na região. Os primeiros lotes serão vendidos por concorrência pública amanhã. Ao todo, 56 lotes da QE 52 foram incluídos no edital. O preço mínimo dos terrenos de 144 metros quadrados é de R$ 125 mil e a licitação promete ser disputada. A Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) colocou um estande de divulgação ao lado da nova quadra e o local ficou bastante movimentado nos últimos dois dias.

Apesar de ter aberto a venda a todos os interessados, o GDF manteve condições especiais para os servidores. Por meio de um convênio com o governo, a Terracap garantiu juros menores para funcionários públicos das administrações direta e indireta. Quem é servidor paga taxa de 6%, enquanto os juros para o público geral são de 12%. A Companhia Imobiliária de Brasília garante que o benefício inclui os funcionários da área de segurança pública — Polícia Civil, Militar e Bombeiros — que são pagos com recursos do governo federal. Para todos os participantes da concorrência pública, o prazo máximo de pagamento é o mesmo: 240 meses.

A nova quadra do Guará II está asfaltada e tem rede de drenagem. A Terracap já solicitou a instalação dos sistemas de água, esgoto e iluminação às companhias de Saneamento Ambiental (Caesb) e Energética de Brasília (CEB). O governo vai lançar seis quadras no bairro — todas as pares, da QE 48 a 58. Ao todo, serão 1.804 lotes. Entre esses terrenos, há áreas destinadas à construção de casas, prédios de até quatro andares, além de salas de comércio e de serviços. Nesta primeira licitação, serão vendidos apenas lotes residenciais unifamiliares dos conjuntos G e J da QE 52.

Os interessados em participar da licitação têm que depositar a caução de 5% do valor do terreno até hoje. No site da Terracap (www.terracap.df.gov.br) é possível simular o financiamento para saber o valor das parcelas até a quitação da dívida. O gerente de Comercialização da Terracap, Marcelo Fagundes, explica que o processo foi aberto sem restrições para evitar questionamentos judiciais. “O Tribunal de Contas proibiu o direcionamento da licitação aos servidores e, por isso, a venda agora é aberta a todos. A procura pelo edital está grande e estamos apostando que será bastante disputado”, explica Marcelo Fagundes.

A nova área do Guará II foi lançada com o nome de Cidade do Servidor em janeiro deste ano. A licitação da totalidade de lotes seria feita no mesmo mês e apenas funcionários públicos do GDF poderiam participar. Mas o Tribunal de Contas do DF determinou a suspensão da venda, com o argumento de que o governo não poderia direcionar a concorrência pública dos imóveis para apenas uma categoria.

À época, a procuradora do Ministério Público do TCDF Márcia Farias classificou como um “privilégio” a restrição. “Como pensar os princípios jurídicos e constitucionais se fossem criados outros projetos semelhantes, como a ‘cidade dos engenheiros’, a ‘cidade dos camelôs’ ou a ‘cidade dos advogados?’”, questionou a procuradora. Diante do impasse, o governo desistiu do projeto e decidiu abrir a concorrência pública sem o direcionamento.

Valor do terreno é considerado alto

A procura por informações foi grande ontem no estande montado pela Terracap para divulgar a licitação. Muita gente visitou o local para analisar o mapa dos dois conjuntos da QE 52, com o objetivo de verificar os lotes com melhor localização. Muita gente reclamou do preço mínimo estabelecido no edital e do tamanho dos terrenos. Como cada imóvel tem 144m², o metro quadrado sai por R$ 868. Esse valor é bem superior ao cobrado na etapa 3 do Jardim Botânico, por exemplo, onde os terrenos de 800m² custam R$ 420 mil — R$ 525 por m².

O motoboy Marconi José da Silva, 32 anos, visitou o estande da Terracap ontem à tarde. Ele mora de aluguel na QE 40 do Guará II e vai depositar a caução para disputar um dos lotes na concorrência pública. O sonho de Marconi é construir uma casa para a família. “Achei o terreno bem caro, mas resolvi dar um lance para ver se dou sorte”, explica.

Já o aposentado Manoel André Pereira, 74 anos, quer comprar um imóvel para o filho, que é casado e não tem casa própria. Ele mora na QE 36 do Guará e sonha em ver a família toda vivendo no mesmo bairro. “Os terrenos não estão baratos, mas como tudo em Brasília anda muito caro, até que considerei o preço razoável”, afirma Manoel. Ele elogia a decisão da Terracap de abrir a venda a todos os interessados. “Seria muito injusto se a licitação fosse só para servidores. Acho que dessa forma é mais correto”, avalia.

O advogado Ademir Borges, 58 anos, foi visitar o local interessado em adquirir um lote para investimento. Pegou o edital, olhou os terrenos, mas desistiu de participar da licitação. “O preço do metro quadrado está muito caro, mais alto do que a área do Jardim Botânico. E os terrenos são muito pequenos, desisti de fazer um lance depois de visitar a área”, explicou o advogado.

5 comentários:

  1. O ideal é que a Terracap faça a licitação dos terrenos do Guará levando em conta critérios sociais como ter renda máxima de 12 salários mínimos, não ser nem ter sido dono de imóvel e ter no mínimo 5 anos de moradia no DF.

    O correto também, é que todos os terrenos sejam licitados de uma só vez, com ampla divulgação, em grupos de terrenos classificados por valor. Assim os participantes não dariam lance por terreno e sim por grupo de terrenos.

    Ao realizar a licitação nos moldes acima, a Terracap evitaria a especulação imobiliária no DF, que não é seu papel como empresa pública, e faria com que os terrenos públicos geridos por ela cumprissem o seu papel social.

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  2. Antes da necessidade de arrecadação, por parte da Terracap, existe a necessidade de moradia das classes médias e baixas que trabalham e moram no DF há muito tempo.

    Estes terrenos do Guará não podem ser objeto de especulação de preços como a Terracap vem fazendo. São lotes públicos pequenos, para uso unifamiliar e por isso devem ser licitados com critérios socias.

    A licitação dessa mesma área divulgada em janeiro, e cancelada por determinação do TCDF, seguia um modelo bastante interessante do ponto de vista social, apesar de ser direcionada aos servidores públicos do GDF. Este mesmo modelo deveria continuar a ser seguido, agora para a ampla concorrência.

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  3. É uma pena que nem o Tribunal de Contas do DF nem o Ministério Público tenham feito algo para impedir a licitação da expansão do Guará nos moldes em que ela foi feita e a medida teve que ser tomada por cooperativas habitacionais.

    Se no GDF tivesse gente competente não apareceriam tantas cooperativas oportunistas. Haveria um programa habitacional de interesse social que atenderia todas as classes com transparência e isonomia.

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  4. Está no site da Terracap: "É a mais nova quadra habitacional do Guará, a QE 52, um investimento seguro".

    Investimento? É para investir ou para morar?

    Por isso é que as cidades do DF estão um caos. Tratam a CIDADE como se fosse um empreendimento imobiliário.

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  5. O próprio Governo (GDF) trata a cidade como se fosse um negócio, um empreendimento particular.

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